
Tempos houve em que as gordurinhas a mais indicavam saúde ou beleza. Hoje, em muitos casos, podem ser um sinal de que está na altura de nos pormos a mexer. E depressa.
Este verão, um senhor de 86 anos, ao conhecer-me, confessou com toda a sinceridade (e carinho) que pensava que eu era mais cheiinha. Coisas da televisão que nos faz parecer um pouco maiores. A verdade é que faço um esforço para me manter em forma. Tem muito a ver com a disciplina que ganhei dos tempos de bailarina, quando tinha de comer de duas em duas horas para não me indispor quando dançava. Desse tempo, ganhei o hábito de controlar o peso e a quantidade de comida que punha no prato.
Com a ajuda do Continente, procurei as últimas estatísticas e fiquei a saber que em Portugal existe cerca de um milhão de obesos e mais de metade da população sofre de excesso de peso. Estes são números assustadores que nos devem pôr em estado de alerta.
Sumo de melão, maçã e hortelã
Ir para Site Chef Online28,5% das crianças em Portugal entre os 2 e os 10 anos têm excesso de peso e 12,7% são obesas
Fonte: Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI)
A doença do século XXI, como já foi chamada, é mais um dos graves problemas que começa (e se pode evitar, felizmente) à mesa.
A obesidade é uma doença crónica que afeta mais quem tem uma relação desequilibrada com a comida e faz pouco ou nenhum exercício (tem um estilo de vida sedentário).
Basicamente, para entendermos o que está aqui em causa, só temos de fazer uma conta de somar e outra de subtrair. Se engordamos, significa que estamos a ingerir mais calorias (energia) do que as que estamos a gastar. É simples, quando queremos manter o peso, se comemos x+y, temos de arranjar maneira de gastar x+y. Por outro lado, se precisamos perder peso, o balanço energético deve ser negativo, ou seja, o gasto de energia do dia deve ser superior às calorias que recebemos dos alimentos e bebidas.

Semáforo Nutricional
Para ajudar os seus clientes a tomarem decisões alimentares mais conscientes, o Continente foi pioneiro em Portugal ao desenvolver um Semáforo Nutricional próprio, uma ferramenta que ajuda a interpretar a informação apresentada nos rótulos e que classifica a concentração dos nutrientes com as cores dos semáforos de trânsito: verde – dentro dos valores recomendados; amarelo – moderada; e encarnado – em excesso.

Embora este não seja um problema recente (basta lembrarmo-nos dos homens e mulheres volumosas que brilham nos quadros dos pintores renascentistas), segundo a Organização Mundial da Saúde, por todo o mundo, a obesidade quase triplicou desde 1975. E não só entre adultos. A obesidade infantil também tem vindo a crescer. E nisso somos um dos piores exemplos! Portugal mantém-se entre os primeiros na lista dos países com maior taxa de obesidade entre as crianças.
Ainda assim, infelizmente, muitos pais têm dificuldade em reconhecer que os seus filhos podem estar obesos ou ter peso a mais e desconhecem os sinais a que devem estar atentos. ‘Ele está a crescer, precisa de mais alimento’, quantas vezes não ouvimos ou dissemos expressões deste género? Quando estive grávida, por exemplo, diziam-me muitas vezes que deveria comer muito mais para alimentar o bebé – e não interessava muito de que tipo de alimento se tratava.
Tenho vindo a perceber que este é também um dos grandes mitos da alimentação infantil. O facto é que por estar em crescimento, a criança ou adolescente precisa de maior qualidade e não, necessariamente, de mais quantidade
O ‘gordinho’ de hoje pode bem ser o obeso de amanhã. O excesso de peso na infância está associado a uma maior probabilidade de sofrer de obesidade, morte prematura e incapacidade na vida adulta. Além disso, as crianças obesas estão expostas a riscos de saúde acrescidos (podem desenvolver dificuldades respiratórias, têm maior risco de fraturas, hipertensão…).
Cuidar da alimentação dos nossos filhos, ensiná-los a ter cuidado com o consumo exagerado de doces e refrigerantes, e incentivá-los a fazer mais exercício físico ou simplesmente a brincar mais na rua (uma hora por dia é suficiente, e não interessa se é a jogar à bola, a fazer natação ou apenas a andar de bicicleta) é uma responsabilidade tão importante quanto a de os ensinar a ler ou a escrever. Hoje, pegue na bicicleta ou vá apenas caminhar com os seus filhos. Aproveite os ‘ginásios’ ao ar livre que por aí vão sendo criados ou faça caminhadas a pé à beira-mar ou rio. Se não tiver filhos, vá na mesma sozinho ou com amigos. Eu faço o mesmo.
Abaixo, pode deixar quaisquer dúvidas ou questões sobre este artigo. Estamos aqui para lhe responder.

Quer saber se tem peso a mais?
O grau de obesidade dos adultos é classificado em função do Índice de Massa Corporal (IMC). Calcula-se dividindo o peso (em Kg) pela altura elevada ao quadrado (em metros).
Classificação IMC (Kg/m2)
Baixo peso < 18.5
Variação normal 18.5 – 24.9
Pré-obesidade 25.0 – 29.9
Obesidade Classe I 30.0 – 34.9
Obesidade Classe II 35.0 – 39.9
Obesidade Classe III ≥ 40.0
Nota: A OMS recomenda o IMC como uma forma rápida e simples de calcular se um indivíduo adulto tem um peso baixo, normal ou excessivo. Contudo a obesidade é uma doença multifatorial e importa avaliar outros fatores, como a percentagem e distribuição da gordura corporal. A acumulação de gordura a nível abdominal, ou visceral, por exemplo, associa-se a complicações como diabetes tipo 2, dislipidemia e doenças cardiovasculares.


De pequenino é que se torce o pepino
A alimentação, como qualquer outro aspeto da vida dos nossos filhos, deve fazer parte da sua educação desde cedo. Choram para não comer? Gritam porque querem mais? Preferem a massa e recusam a sopa? Há truques para os ajudar a aprender a comer.

Introduza alimentos novos e coloridos
As crianças mais pequenas aborrecem-se com a comida com muita facilidade. De vez em quando, apresente um ingrediente ou um alimento diferente para quebrar a rotina e ensinar-lhe novos sabores. Tente usar alimentos mais coloridos para lhes cativar a atenção. Seja firme e vai ter resultados. Os meus filhos adoram comer fruta e legumes porque foram habituados desde muito pequenos.
Crie regras e dê o exemplo
Estabeleça um dia de semana para as guloseimas em que eles podem ter mais liberdade para quebrar as regras da alimentação. E faça o mesmo. As crianças tendem a repetir as ações dos pais, bem mais do que pensamos.
Deixe-os preparar a comida
Envolva-os no processo de confeção das refeições e aproveite para lhes ensinar mais sobre a origem dos ingredientes. Esta é uma forma de os manter interessados na alimentação saudável. Ou muito me engano ou tenho no meu filho um futuro bom cozinheiro, exatamente porque acompanha muitas vezes o pai na cozinha.
Não faça dos alimentos recompensa ou castigo
Este tipo de comportamento promove a ideia de que a comida mais saborosa ao paladar da criança é melhor e reforça a rejeição ao que ela não gosta.
Torne as refeições um momento divertido
Contar histórias em torno dos alimentos menos apetecidos pelos mais pequenos, como os legumes ou a fruta, pedindo-lhes, por exemplo, para inventarem os nomes das ‘personagens’, estimula a criança a interessar-se mais pelo prato.
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Olá Catarina,
Sou uma pessoa de baixa estatura e com o passar dos anos a barriga começa a aparecer.
A minha mulher diz que é da cerveja. Será?
Sim
Caro Duarte Simões, as gorduras localizadas podem ser fruto de um desequilíbrio no estilo de vida, mas apenas uma consulta formal com um nutricionista é que poderia ajudar a revelar a génese do problema. De qualquer forma, o ideal é alimentar-se de forma saudável e praticar exercício físico, fique atento às nossas dicas e sugestões.