Alergias alimentares: definição, sintomas e cuidados

Com À Roda da Alimentação

Há um número crescente de crianças e jovens com alergias e intolerâncias alimentares. Em casa, compete-nos um trabalho para a vida: educar os mais novos para a leitura dos rótulos dos alimentos e não esquecer essa prática.

(artigo atualizado a 22 abril de 2022)

Estima-se que pelo menos 5 em cada 100 crianças sofram de alergias alimentares, um número que nos adultos tem um valor um pouco mais baixo, entre 3 a 4% da população.

Esta situação piorou a tal ponto, que a Direção Geral de Saúde e a Direção Geral de Educação tiveram de construir em parceria um sistema referencial que serve de apoio às escolas, de modo a evitar ou a minimizar o problema.

Deste modo, estamos não só a contribuir para a prevenção reações adversas, mas também a ganhar consciência acerca de quem somos – porque na verdade somos aquilo que comemos.

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O que são alergias alimentares?

Alergias alimentares são reações adversas e exageradas que envolvem o sistema imunitário e ocorrem quando o nosso sistema imunológico reconhece, de forma errada, uma proteína como sendo um agressor para o organismo, quando na realidade não o é. Ou seja, o sistema imunológico, assim que deteta e identifica o presumível «invasor», adota medidas rápidas, utilizando os anticorpos para se defender.

Este «agressor» é a substância – normalmente são proteínas – que causa a alergia e é classificada como alergénio. É mais frequente surgir durante a infância, mas pode aparecer em qualquer idade.

Em algumas pessoas alérgicas, o contacto com os alergénios, mesmo que em quantidades mínimas, pode ser suficiente para desencadear uma forte reação alérgica, podendo até colocar a vida em risco (choque anafilático).

A anafilaxia é uma reação alérgica por todo o corpo, muito rápida, que implica sintomas como baixa pressão arterial, taquicardia, desmaio e até inchaço na zona interna da garganta (com risco de asfixia).

O único tratamento para as alergias alimentares consiste em deixar de ingerir os alimentos que as possam desencadear. Os sintomas mais comuns são erupções cutâneas, urticária, congestão nasal, espirros, tosse, náuseas, cólicas, vómitos e diarreia.

Alergias e intolerâncias alimentares

Qual é a diferença entre a alergia alimentar e a intolerância alimentar?

É importante distinguir entre uma intolerância alimentar e uma alergia alimentar.

A intolerância, ao contrário da alergia, não envolve o sistema imunológico. É simplesmente uma reação adversa que ocorre depois de comermos um determinado alimento, podendo resultar de um problema digestivo (falta de uma enzima) ou de uma reação a substâncias naturalmente presentes nos alimentos (teobromina presente no chocolate) ou a estes adicionados (sulfitos presentes no vinho).

Um exemplo comum desta condição é a intolerância à lactose – que originou nos últimos anos o aparecimento de uma série de marcas de leite isentas de lactose. Neste caso, o organismo é simplesmente incapaz de digerir este açúcar naturalmente presente no leite. Como consequência, esta intolerância pode manifestar-se de variadas formas: diarreia, flatulência e dor ou desconforto abdominal.

No entanto, a intolerância à lactose é diferente da alergia ao leite. Na alergia ao leite ocorrem reações imunológicas provocadas pelas proteínas do mesmo – caseína, lactoalbumina e lactoglobulina, que o sistema imunitário considera como «estranhas».

Neste caso é necessário excluir os alimentos que as possam ter. Na intolerância à lactose o organismo é incapaz de digerir o açúcar natural do leite, a lactose, por falta de uma enzima específica, a lactase. Mas neste caso, o grau de intolerância à lactose varia de pessoa para pessoa e, na maioria dos casos, não requer uma dieta com ausência total de lactose.

Alergia alimentar: sintomas

Em termos clínicos, há múltiplas manifestações de alergias alimentares com uma escala que vai desde as manifestações mais moderadas, passando pelas graves até às fatais.

Os sintomas podem aparecer entre alguns minutos depois da ingestão do alergénio até duas horas mais tarde. Não é difícil reconhecer os sintomas, mas pode ser muito complicado passar por eles, sendo a variedade de possíveis reações imensa:

  • cutâneas (erupções, eczemas, urticária, edema da glote e da língua);
  • respiratórias (pieira e dificuldades a respirar);
  • gastrointestinais (vómitos, diarreia e dores abdominais);
  • cardiovasculares (diminuição da pressão arterial e perda de consciência).

Embora uma reação alérgica possa ocorrer com qualquer alimento, existem alguns mais alergénicosdo que outros, nomeadamente o marisco, o peixe, o amendoim, os ovos, as proteínas do leite de vaca, o trigo, a soja e os frutos de casca rija.

Quando a alergia alimentar surge subitamente – visto que pode ocorrer em qualquer idade –, mesmo depois de muitos anos a consumir o alimento que a causou, pode provocar uma manifestação extremada, vulgarmente designada por reação anafilática – como referido anteriormente.

Quem tem uma alergia alimentar diagnosticada deve estar devidamente identificado, fazendo-se acompanhar de um kit de adrenalina e de uma medicação anti-histamínica.

Para prevenir e tratar uma reação alérgica é também necessário não só uma eliminação do alergénio, ou seja, do alimento diretamente responsável pela alergia, mas também dos alimentos que possam simplesmente conter esse alergénio na sua composição, de forma mais ou menos oculta.

Assim, é fundamental reconhecer os ingredientes que compõem uma receita e, de igual modo, proceder à leitura dos rótulos dos alimentos que compramos. Ao retificar a sua composição, está seguramente a contribuir para uma melhoria substancial da sua saúde.

Quais são os principais alergénios alimentares?

Alergias alimentares

  • Leite
  • Ovos
  • Peixe
  • Marisco (crustáceos) e moluscos
  • Frutos de casca rija
  • Nozes
  • Trigo
  • Soja
  • Aipo
  • Tremoço
  • Mostarda

Intolerâncias alimentares

  • Glúten
  • Lactose
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Teste de intolerância alimentar

Quer saber se pode comer de tudo? A verdade é que já é possível realizar vários testes para identificar intolerâncias ou alergias, mas os médicos admitem que estes podem originar ‘falsos positivos’.

Para ter a certeza sobre o que pode ou não comer, o melhor mesmo é ir vigiando as reações do corpo aos alimentos, sabendo que alguns sintomas podem demorar muito tempo a aparecer.

Cerca de 5% das crianças e 4% dos adultos em Portugal sofrem de alergias alimentares.

Fonte: Associação Portuguesa de Alergias e Intolerâncias Alimentares

De um modo geral, as alergias surgem maioritariamente em criança e acontecem de forma continuada ao longo de toda a vida, mas, em alguns casos, podem desaparecer – com exceção das que se referem às nozes, amendoins, peixe ou marisco – que são mais resistentes.

Quanto às intolerâncias, o melhor é ir avaliando a reação ao alimento não tolerado, uma vez que doses menores e distribuídas ao longo do dia poderão, eventualmente, não desencadear reações sintomáticas.

Tudo considerado, se tem (ou desconfia que possa ter) uma alergia ou intolerância alimentar, vale a pena ter cuidados acrescidos quando come fora de casa e perder um bocadinho de tempo a ler bem os rótulos das embalagens no supermercado. 

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Fonte: Alergia Alimentar, Ministério da Educação e da Ciência, 2012

Autor

À Roda da Alimentação