A diabetes é uma doença que não tem cura, mas pode ser controlada através de alguns hábitos mais saudáveis. Os cuidados especiais com a alimentação e o exercício físico são essenciais para lidar com este problema crónico, que muitas vezes se apresenta como um inimigo silencioso: é possível ter diabetes sem saber. Infelizmente, o grande número de diabéticos é pouco animador, e os portugueses precisam de ganhar consciência sobre a necessidade de fazerem rastreios e/ou exames de diagnóstico.
Artigo atualizado a 6 julho de 2022
Cerca de 463 milhões de pessoas no mundo são diabéticas. Segundo a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Portugal não apresenta um bom cenário, porque é um dos países europeus que registam uma das taxas mais elevadas desta doença crónica: cerca de 13,3% da população portuguesa, entre os 20 e os 79 anos, sofre desta doença, o que corresponde sensivelmente a mais de um milhão de pessoas. A par deste quadro tão pouco animador há ainda outra realidade: muitos diabéticos desconhecem que o são, o que condiciona o aparecimento de complicações pelo facto de a doença não ser controlada. Com o desconhecimento da situação clínica, vem também por arrasto o desconhecimento da necessidade de cuidados e um quadro que diminui a qualidade de vida, aumentando o risco de morte prematura.
A diabetes é uma doença que está relacionada com o mau funcionamento do pâncreas, o órgão responsável pela produção de uma hormona chamada insulina. Esta hormona tem como função principal levar as células a absorver a glicose, que será depois transformada em energia.
Nesta doença complexa, pode haver uma produção insuficiente de insulina ou, por outro lado, também se pode dar o caso de o organismo resistir à ação da insulina, o que tem como consequência uma acumulação excessiva de açúcar no sangue, aquilo que vulgarmente se designa por hiperglicemia. Independentemente de ser ou não diabético, deve estar atento ao semáforo nutricional quer para prevenir, quer para controlar a alimentação, especialmente no que diz respeito aos açúcares.
Tipos de Diabetes
Há vários tipos de diabetes, mas os principais são a diabetes tipo 1, a diabetes tipo 2 e a diabetes gestacional. Um quadro que antecede a diabetes é a pré-diabetes, que funciona como um alerta para evitar a progressão da doença. Vale a pena saber em que consiste e estar atento.
Pré-diabetes
O diagnóstico da pré-diabetes é feito com uma simples análise ao sangue para verificar os níveis de glicose em jejum. Se esses níveis estiverem entre os 100 e os 125 mg/dl, considera-se que há pré-diabetes e, neste caso, é fundamental fazer um controlo regular para monitorizar a situação e ver se os níveis de glicose estabilizaram ou progrediram; se esse valor for superior a 125 mg/dl, verifica-se que de facto há um quadro de diabetes. O valor considerado n1ormal de glicose em jejum é 99 mg/dl no máximo.
Diabetes tipo 1
A diabetes tipo 1 é a menos vulgar, tem uma causa desconhecida e consiste na produção insuficiente de insulina. Neste quadro, é necessário administrá-la diariamente. Pode surgir em qualquer idade, mas desenvolve-se sobretudo nas crianças.
Diabetes tipo 2
A diabetes tipo 2 é a forma mais comum desta doença e tem origem no uso ineficaz que o corpo faz da insulina – insulinorresistência. Está normalmente associada ao excesso de peso, o que a maior parte das vezes é causado por por maus hábitos alimentares, demasiado sedentarismo, falta de exercício físico ou pela combinação de todos ou de alguns destes fatores. No entanto, a diabetes tipo 2 pode ter uma origem hereditária, embora esta causa seja menos frequente.
Diabetes gestacional
Na diabetes gestacional há uma alteração do metabolismo da glicose diagnosticado durante a gravidez em mulheres que não tinham a doença anteriormente. Se forem tomadas as devidas precauções, desaparece no final da gestação. Tal como acontece com os outros tipos de diabetes, caracteriza-se por um aumento dos níveis de glicose no sangue, podendo trazer complicações tanto para a mulher como para o bebé.
Diabetes tipo 1 e 2: veja as diferenças
Os sintomas da diabetes tipo 1 e os sintomas da diabetes tipo 2 coincidem em alguns pontos. No entanto, há diferenças significativas
Sintomas da diabetes tipo 1
- Sede anormal e boca seca
- Visão desfocada
- Vontade frequente de urinar
- Fraqueza ou fadiga extrema
- Fome constante
- Perda de peso repentina
- Nervosismo
- Mudanças de humor
- Náuseas e vómitos
Sintomas da diabetes tipo 2
- Sede excessiva
- Urinar frequentemente
- Fome extrema
- Visão desfocada
- Perda de energia e fadiga extrema
- Formigueiro nas mãos e nos pés
- Cicatrização lenta das feridas
- Infeções recorrentes (infeções urinárias, candidíases, etc.)
Causas da diabetes
Grande parte dos alimentos que ingerimos, nomeadamente os que são fontes de hidratos de carbono, são transformados em glicose, o açúcar que o organismo utiliza como fonte de energia. A insulina, a referida hormona produzida pelo pâncreas, é fundamental neste processo porque tem a responsabilidade de fazer entrar a glicose nas células do organismo. No entanto, nas pessoas com diabetes este processo não decorre normalmente.
Na diabetes tipo 1 o sistema imunológico do organismo causa a destruição das células beta-pancreáticas, que são as responsáveis pela fabricação de insulina. Por isso, um diabético tipo 1 não fabrica a sua insulina em quantidades adequadas e tem de administrá-la com alguns cuidados essenciais, como a lavagem das mãos e a manutenção da insulina à temperatura ambiente.
Na diabetes tipo 2, o pâncreas produz normalmente a insulina, mas o organismo não consegue utilizá-la de um modo eficaz. Por essa razão, a glicose acumula-se no sangue e não cumpre o seu papel enquanto fonte principal de energia.
Lista de alimentos para diabéticos
Para os diabéticos a alimentação saudável, tal como o exercício físico, faz parte dos cuidados a ter com a doença e exige sobretudo variedade e moderação. Não é necessário fazer uma alimentação monótona, cheia de cozidos e grelhados, mas os fritos e os molhos gordurosos devem ser pouco frequentes. As principais recomendações alimentares não divergem muito daquelas que são feitas para a alimentação normal de qualquer pessoa. Antes de mais, é fundamental controlar a glicemia e fazer a contabilização dos hidratos de carbono. A vigilância do colesterol, dos triglicéridos e da pressão arterial é também imprescindível, o fraccionamento das refeições – entre 5 e 7 ao longo do dia – e o aumento da ingestão de fibras, pode ajudar a controlar os níveis de glicémia, uma vez que as fibras diminuem os níveis de glicemia depois das refeições, reduzem o colesterol, aumentam a saciedade e auxiliam o bom funcionamento do intestino. Eis os alimentos mais aconselháveis para os diabéticos:
- Todo o tipo de hortícolas
- Cereais integrais e tubérculos (arroz, massa integral, batata e batata-doce, pão de mistura, pão de centeio ou pão integral e flocos de aveia)
- Leguminosas (grão, feijão, ervilhas, favas e lentilhas)
- Canela e ervas aromáticas (para reduzir a necessidade de açúcar e sal nos cozinhados)
- Frutos oleaginosos (nozes, amêndoas, avelãs)
- Fruta fresca na dose certa (preferencialmente com casca)
- Leite e derivados não açucarados e com baixo teor de gordura
Na alimentação para diabéticos é necessário controlar aquilo que tem um índice glicémico elevado. É o caso do açúcar, dos produtos de pastelaria e, de um modo geral, de todas as guloseimas. Também devem moderar o consumo do mel, das compotas, da geleia de frutas, da marmelada, dos fritos, dos cereais e dos derivados refinados (pão branco e massa branca), assim como refeições prontas ou pré-cozinhadas devido ao elevado teor de açúcar e também de sal, sendo que devem consultar os rótulos nutricionais e os semáforos nutricionais, caso estejam presentes.
O que são doenças crónicas?
- Segundo a Organização Mundial da Saúde, as doenças crónicas resultam da combinação de fatores genéticos, psicológicos, ambientais e comportamentais, têm longa duração e, usualmente, lenta progressão. As doenças cardiovasculares, respiratórias, o cancro e a diabetes são as mais comuns.
Autor
À Roda da Alimentação