O meu filho não come: o que fazer?

Com À Roda da Alimentação

Não há muitas crianças com a chamada «boa boca» e ainda são menos aquelas que têm uma «boca santa», sempre dispostas a experimentar um sabor novo e a gostar do que é saudável. Estas dicas vão apaziguar as suas refeições.

Artigo atualizado em 19 de setembro de 2022

Quando nos perguntam «o que é o jantar?», a melhor forma de as desapontar é responder «peixe cozido com brócolos». A maior parte prefere , pizzas, fritas, sem contar com o universo infinito das gulodices. Mas o gosto também se educa e há algumas estratégias que podem ser uma boa ajuda para comer de forma mais saudável.

Há muitos pais a queixarem-se do mesmo: «o meu filho não quer comer». E geralmente aquilo que as crianças não querem comer é também aquilo que lhes faz mais falta para um crescimento saudável e para a manutenção da saúde ao longo da vida. A sopa, o peixe, a e os legumes estão normalmente no top das grandes birras à refeição. Mas em certas alturas, há simplesmente uma falta de apetite que pode ter causas simples.

Falta de apetite: 5 factos que podem afetar

A falta de apetite tem várias origens e geralmente é um motivo de preocupação que os pais tendem a exagerar demasiado. Porque é importante perceber o que pode estar na sua origem, deixamos-lhe cinco razões muito comuns para as crianças não querem comer.

Abrandamento do crescimento

Quando entram no segundo ano de vida, é preciso ter em conta que o crescimento das crianças abranda muito e, por consequência, a necessidade de ingerir tantas também diminui. Nunca mais se volta a crescer com um ritmo tão acelerado como nos dois primeiros anos.

Chamadas de atenção

Para os pais, as refeições são um momento muito importante em família, e as crianças sabem disso, portanto, esta pode ser a altura ideal para chamar a atenção com uma birra: se não quiserem comerem, os pais farão malabarismos para evitar que isso aconteça – nomeadamente o famigerado aviãozinho – e elas passam a ser o centro das atenções. Confusões e barulhos não vão ajudar, sobretudo se houver distrações à volta que desviem a atenção dos adultos sobre as crianças e vice-versa – como televisões e telemóveis, que devem estar sempre afastados da mesa.

Falta de variedade na alimentação

Se as ementas forem muito repetidas, as crianças desinteressam-se pelos alimentos e a refeição passa a ser um momento de obrigação e de monotonia em vez de um prazer e de um momento em família. Se o prato não for apelativo e não tiver cor, pior ainda. Torne-os mais saborosos, e dê-lhes mais cor, acrescente especiarias e ervas aromáticas e brinque com a disposição dos alimentos.

Desrespeito pelos gostos e pelo tamanho da criança

Quando a criança rejeita um determinado alimento, pode sempre insistir, mas com calma, sem castigos ou elevações no tom de voz ou pode sempre substituí-lo por outro do mesmo grupo alimentar – se não gosta de grão, experimentemos as lentilhas; se não gosta de alface, vamos tentar os espinafres crus, por exemplo. Por outro lado, os pais tendem a oferecer demasiada comida sem terem em atenção que a criança é pequena e com um estômago em conformidade com o seu tamanho.

Ansiedades, limites e horários

Quando os filhos não querem comer, os pais tendem a ficar ansiosos e a entrar na lei da compensação, nomeadamente oferecendo pequenos lanches de substituição, o que torna os intervalos entre as refeições muito irregulares. A criança não come porque não tem fome e como rapidamente compreende este esquema de compensação, chantageia os pais com a maior facilidade. Além disso, é fundamental as crianças saberem com aquilo que contam e terem horários certos para as refeições com intervalos não superiores a três horas. Se porventura não quiserem comer, os pais podem sempre esperar e tentar de novo um pouco mais tarde, nem que seja, por exemplo, aguardando cerca de minutos.

Conselhos úteis para as crianças comerem sem torcer o nariz

  • Ponha as crianças na cozinha para darem uma ajuda na preparação das refeições quando sentir que tem disponibilidade para o fazer. Esta boa prática incute a ideia de que devem colaborar nas tarefas domésticas. Quando estão envolvidas naquilo que fazem, as crianças tendem a querer experimentar o resultado do seu «trabalho». E se por acaso lhes conseguir comprar um avental pequenino, vão ficar deliciadas. E nestes momentos, devem mexer nos alimentos e experimentar os novos sabores e texturas
  • Para comerem sopa sem fazer birras, faça-a com uma textura intermédia, nem muito espessa, nem muito líquida, e com um sabor suave. Não é aconselhável misturar demasiados legumes, e sobretudo não usar mais de um legume verde na mesma sopa: se puser espinafres ou brócolos, por exemplo, não misture agrião. Para ser mais prático, pode fazer a mesma base e mudar o hortícola que adiciona, por exemplo numa adiciona espinafres e na outra adiciona brócolos, mas com a mesma base, para poupar trabalho. Duas diferentes na mesma semana dão mais trabalho, mas diminuem bastante o sabor da monotonia.
  • Para comerem peixe, quanto mais cedo começarem melhor: é rico em , , ómega-3 e deve ser consumido com alguma regularidade. Inicialmente deve servi-lo sem espinhas e ir variando um pouco os tipos de peixe e o modo de os cozinhar – cozido, assado ou grelhado. Se fizer um acompanhamento de que as crianças gostem particularmente – puré de batata ou de cenoura, arroz ou até umas massinhas – estará a diminuir a possibilidade de elas dizerem que não a este alimento tão importante.
  • Para comerem frutas e legumes, desafie as crianças com as cores. Um prato colorido é normalmente um prato saudável e uma fonte de atração. Além de serem ricos em compostos antioxidantes, são ricos em , vitaminas e minerais. No caso das saladas e dos legumes, os temperos podem ajudar bastante – procure descobrir se o seu filho gosta de certas ervas aromáticas para temperar saladas e legumes, sejam crus, cozidos ou assados no forno. Se a fruta for desde cedo considerada como uma sobremesa, há mais possibilidades de ser bem tolerada tornando-se um hábito para a vida. Corte-a aos bocadinhos ou então faça saladas de fruta, podendo também puxar pela imaginação – ninguém resiste, por exemplo, a uma carinha com olhos, nariz e uma boca feita de fruta.

Autor

À Roda da Alimentação