Vamos lá perceber isto das batatas fritas

Com Catarina Furtado

Nos últimos dias tem-se falado muito sobre um estudo que sugere que as fritas são mais saudáveis do que cozidas. Fui investigar e não é bem assim.

O estudo em causa, publicado na revista científica ‘Food Chemistry', já tem quatro anos, mas só agora se tornou viral na Internet. Foi elaborado pela Universidade de Granada e, em traços gerais, conclui que as batatas, quando fritas em virgem extra, são mais saudáveis do que cozidas. Informação que me surpreendeu bastante. E será mesmo assim?

Os investigadores espanhóis cozinharam batatas, tomates e de várias formas – , salteados e cozidos em e numa mistura de água e azeite simples -, e concluíram que “a capacidade antioxidante dos alimentos aumentou quando preparados apenas no azeite”. O facto é incontestável, mas não é suficiente para concluir que as batatas fritas são mais saudáveis do que as cozidas.

Foi o que me explicou a equipa de do Continente, à qual pedi ajuda para esclarecer a questão. “O que este estudo revela é que o teor de fenóis é mais elevado nas batatas fritas em azeite virgem extra, o que faz sentido pois alterar para esta rica em polifenóis. Contudo, a riqueza em fenóis, por si só, não torna o produto mais saudável uma vez que existem outros fatores a considerar.

Por exemplo, se as batatas cozidas fossem temperadas com o azeite, provavelmente teriam um teor de fenóis igualmente elevado e não existiria o risco de formação de acrilamida (que ocorre na fritura da batata), uma substância que é potencialmente cancerígena, nem teriam um teor de gordura tão elevado que por norma se verifica nas batatas fritas.”

Além disto, como sabemos, um dos grandes problemas adicionais das batatas fritas é o que lhes adicionamos. Em resumo, não é de todo certo que as batatas fritas sejam mais saudáveis do que cozidas. No entanto, não temos de deixar de as comer. De vez em quando, com equilíbrio e moderação, todos os alimentos se podem consumir.

Autor

Catarina Furtado