Alguns alimentos são mais alcalinos e outros mais ácidos. Mas isso não quer dizer que interfiram no pH do organismo ou que curem doenças. Vamos explicar melhor.
Artigo atualizado a 13 de janeiro de 2023
Entre tanta informação disponível pode não ser fácil compreender a verdade sobre os alimentos alcalinos e a sua relação com a dieta alcalina, também conhecida por dieta do pH.
Hoje vamos esclarecer o que é esta dieta e em que medida influencia ou não o pH corporal e quais os problemas da dieta que promove quase exclusivamente o consumo de alimentos alcalinos. Como sempre, o equilíbrio não é feito de excessos, mas sim de um pouco de tudo na medida certa.
Alimentos ácidos e alimentos alcalinos
A Dieta do pH, também conhecida como dieta alcalina, baseia-se na promoção do equilíbrio ácido-base do nosso organismo, através da ingestão de alimentos alcalinos. Este tipo de dieta defende que os alimentos podem ser ácidos ou base consoante o seu PRAL (potencial ácido), calculado através do balanço entre a sua composição em cloro, fosfatos e sulfatos.
Assim sendo, existem alimentos com potencial ácido baixo, como o café, o vinagre e a maioria das frutas e hortícolas e existem alimentos mais alcalinos, como o leite, os ovos e alguns queijos.
Em suma, esta dieta promove uma maior ingestão de alimentos com baixo potencial ácido, como os hortofrutícolas (alcalinizantes) em detrimento de alimentos com um PRAL elevado, como a carne, peixe, ovos, marisco, queijos e algumas leguminosas e cereais.
A dieta alcalina: benefícios e riscos
O problema da dieta alcalina não está nos efeitos que produz na saúde, mas nos seus fundamentos. Este regime parte do princípio errado de que os alimentos têm influência no pH do organismo e defende que um corpo ‘ácido’ estará mais susceptível ao aparecimento de doenças, o que não está cientificamente provado.
Contudo, muitos dos alimentos recomendados pela dieta alcalina – fruta, legumes, frutos oleaginosos e sementes – são saudáveis por outras razões (são fonte de vitaminas , minerais e fibras, por exemplo), devendo ser promovido o seu consumo
No entanto, esta dieta limita a ingestão de alimentos com elevada riqueza nutricional, como a carne e o pescado, podendo levar a desequilíbrios nutricionais, se não for bem estruturada.
Lista de alimentos alcalinos
- Frutas como abacate, uva, melancia, melão, maçã e também abacaxi, laranja e limão (apesar do grau de acidez), bem como todos os sumos de fruta em geral.
- Hortícolas frescos como espinafres, brócolos, espargos, alface, tomate, couve-flor, pepino, cenoura, batata, batata-doce, abóbora, feijão-verde, espargos, beterraba, cebola, alho, salsa e todos os sumos feitos com vegetais.
- Gorduras vegetais existentes em alimentos como nozes, castanhas, sementes de linhaça, de abóbora e azeite extravirgem.
- Ervas e especiarias em geral, como curcuma, canela, pimenta, gengibre, hortelã ou manjericão, particularmente ricas em antioxidantes e minerais como potássio e magnésio.
Quer ter uma alimentação mais saudável?
Siga esta dieta.
O que é o Ph?
O Potencial de Hidrogénio, vulgarmente conhecido por pH, é um índice que indica a acidez (menor do que 7), a neutralidade (igual a 7) ou a alcalinidade (maior do que 7) de um determinado meio. De um modo geral, considera-se que um ambiente menos ácido é sempre mais aconselhável para o organismo.
O pH é particularmente conhecido na classificação dos vários tipos de água, mas também se aplica aos alimentos, mais precisamente à forma como estes se metabolizam no corpo em compostos ácidos ou alcalinos.
A alimentação pode influenciar o pH do corpo?
Nas pessoas saudáveis os alimentos não têm capacidade para alterar o pH do sangue, das células ou dos tecidos, mas apenas o pH da urina. O pH é controlado pelos pulmões e pelos rins. Só no caso de haver alguma doença que afete um destes órgãos é possível verificar uma alteração do pH no corpo humano.
Porém, a dieta alcalina parte erradamente do pressuposto de que os alimentos influenciam o pH do organismo e têm um efeito benéfico no seu equilíbrio. Especialmente no combate de certas doenças como o cancro, a osteoporose e os problemas cardiovasculares.
Tendo por base as hortofrutícolas, esta dieta exclui a carne, o peixe, os ovos, o queijo e os grãos, ou seja, exclui os alimentos que ‘promovem’ a acidez.
Com um consumo tão baixo de proteínas, ómega-3, vitamina B12, ferro e outros micronutrientes, o corpo humano fica automaticamente em desequilíbrio, além de desenvolver a tendência para o consumo excessivo de açúcares.
Neste sentido, é completamente desnecessário restringir drasticamente os alimentos ácidos: a inclusão e a variedade estão sempre na ordem do dia.
Em suma, o único benefício da dieta alcalina é a promoção de uma maior ingestão de hortícolas e frutas. Quando ao demais é absolutamente desnecessária. O equilíbrio é feito de um pouco de tudo na medida certa.
Autor
À Roda da Alimentação