O Baby-Led Weaning (BLW) é o método que está a revolucionar a alimentação dos bebés, muito embora sempre tenha existido, mas sem que lhe conhecêssemos o nome. Nós explicamos tudo.
O Baby-Led Weaning (BLW) consiste na introdução da alimentação complementar, guiada pelo próprio bebé, a partir dos 6 meses, promovendo a autorregulação e a autonomia.
Deste modo, aprendem a controlar naturalmente o que comem, melhoram a psicomotricidade fina (junção das pontas do indicador com o polegar), desenvolvem uma relação saudável com os alimentos e respondem melhor aos sinais de fome e de saciedade.
Mais importante ainda, comem à mesa com a família, o que traz inúmeros benefícios. Se tudo isto parece fazer bastante sentido para algumas pessoas, para outras é uma fonte de dúvidas e de inquietações que vamos tentar minimizar em torno de cinco questões fundamentais acerca deste assunto.
Introdução Alimentar BLW
O BLW foi descrito pela primeira vez em 2005 por Gill Tapley como «um método alternativo à diversificação alimentar tradicional». Este conceito promove a autoalimentação e autorregulação da criança quando se lhe oferecem pedaços inteiros de alimentos que fazem parte da refeição da família (com a exceção de alimentos ricos em gordura, açúcar ou sal) e que o bebé leva à boca com as próprias mãos. Este método pressupõe que não existe uma ordem específica de introdução dos alimentos.
Pode parecer estranho não oferecer papas, purés e sopas passadas, como na alimentação tradicional, por razões que se prendem com o desenvolvimento e a necessidade de ajuda de um adulto para segurar na colher. Por outro lado, fica ao critério de cada criança a decisão sobre aquilo que come, a quantidade que ingere e o ritmo a que o faz, tal como acontece na amamentação.
1- Quais são os princípios do BLW?
O BLW assenta em três pilares: a amamentação, o baby-led e as refeições em família. Relativamente à amamentação, o BLW defende que deve ser exclusiva até aos 6 meses e continuar enquanto a criança desejar, embora a possibilidade da alimentação com fórmula infantil também seja considerada.
A partir desta fase começa a ingestão de alimentos inteiros com as próprias mãos – visto que a motricidade fina está mais desenvolvida e o bebé é capaz de se manter sentado e direito à mesa. Os alimentos ingeridos fazem parte da refeição normal da família, porém, devem ter uma dimensão que permita à criança pegar-lhes sem esforço. Gerindo bem as ansiedades que o tema da alimentação causa normalmente aos pais, a refeição em conjunto torna-se uma celebração onde todos podem conviver em harmonia.
2- O BLW pode influenciar a qualidade da alimentação da criança?
Cada bebé deve ter a oportunidade de ouvir o seu corpo e responder às necessidades que ele lhe transmite. É importante que o bebé coma aquilo de que precisa, nem a mais nem a menos, aprendendo a autorregular-se e a conhecer-se. É fundamental que os pais, educadores e cuidadores recebam alguma «educação alimentar» relacionada com a idade da criança.
Se uma família comer alimentos pouco saudáveis, onde há um excesso de sal e de açúcar, é inevitável um impacto negativo no comportamento alimentar e na saúde da criança. Porém, a verdade é que o inverso também acontece e as boas práticas refletem-se no bem-estar e nos hábitos do futuro.
3 – O BLW pode causar asfixia?
Este é um dos grandes medos da maior parte dos pais, quer optem por este método ou pela alimentação tradicional. Pôr alimentos na boca implica saber coordenar a mastigação, a deglutição e a respiração. As crianças que se autoalimentam correm um maior risco de asfixia, mas há critérios básicos que a evitam:
- Oferecer as refeições com o bebé sentado e direito.
- Supervisionar o bebé durante as refeições.
- Adequar a consistência dos alimentos para que não haja perigo de asfixia.
Alimentação do bebé: dos 0 aos 12 meses
4 – O BLW pode causar desadequação energética?
Se o consumo de alimentos não for suficiente para fazer face às necessidades da criança, estas podem ficar comprometidas. Assim, e para que a criança possa demonstrar interesse pelos limentos que consome, é importante:
- Apresentar uma variedade alargada de alimentos.
- Incluir em cada refeição um alimento com elevada densidade energética.
- Fazer a refeição num ambiente agradável, sem distrações e sem ruído.
- Prestar particular atenção aos sinais de fome e de saciedade.
- Supervisionar constantemente a refeição.
5 – O BLW pode causar uma deficiência de ferro?
Quando atinge os 6 meses, o leite materno deixa de suprir todas as necessidades, nomeadamente, as necessidades de ferro. Pode haver um risco de ingestão desadequada se os alimentos dados à criança não o tiverem em quantidade suficiente. Assim, é importante oferecer alimentos ricos em ferro, como carne e peixe bem cozinhados e boas fontes de vitamina C, como por exemplo fruta fresca.
De um modo geral, reconhecem-se efeitos positivos na saúde com o BLW, uma vez que este método permite que a criança controle a sua alimentação, tenha uma relação saudável com a comida e gera menos agitação à mesa, dando uma resposta mais eficaz à saciedade.
Alguns estudos defendem que esta abordagem contribui para melhores resultados na autonomia, na aprendizagem e na diminuição da obesidade no futuro.
Autor
À Roda da Alimentação