O Dia Mundial da Obesidade, celebrado a 4 de março, recorda-nos a necessidade de termos mais consciência desta condição clínica que afeta percentagens tão elevadas da população no mundo inteiro. Em Portugal, a tradição gastronómica inspirada na dieta mediterrânica é uma fonte saudável de inspiração para «resolvermos» literalmente muitos dos nossos problemas à mesa, entre eles, a questão da obesidade.
O que é a obesidade?
A obesidade é considerada uma doença crónica com origem em vários fatores –nomeadamente estilos de vida, alimentação desequilibrada, falta de exercício físico e excesso de sedentarismo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esta doença define-se como uma acumulação anormal ou excessiva de gordura corporal que pode atingir graus capazes de afetar a saúde. Por esta razão, está inevitavelmente associada a doenças crónico-degenerativas e a um maior risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, certos tipos de cancro, problemas ortopédicos causados pela sobrecarga de peso nos ossos, entre tantos outros.
A relação entre a obesidade e os transtornos alimentares também deve ser tida em conta, uma vez que nos alimentamos dentro de um contexto histórico e social, onde questões mais subjetivas e individuais estão ligadas àquilo que se convencionou chamar «comida emocional», ou seja, comida que ingerimos como resposta não a um estímulo de fome, mas a um «gatilho emocional», que pode ser disparado por emoções positivas (como alegria ou excitação), mas é mais vulgarmente espoletado por emoções negativas, especialmente tristeza, raiva ou tédio, tão comuns, por exemplo, em adolescentes.
Muitas vezes este tipo de sentimentos, sem qualquer desvalorização para os mesmos, pode ser apaziguado com mais convívio social, mais vida ao ar livre e também por uma capacidade de apreciar pequenos prazeres – incluindo precisamente os «prazeres da mesa», uma matéria em que os portugueses são particularmente sábios.
Comer, beber e conviver
Somos latinos, apreciamos o convívio e a boa comida do nosso país, e provavelmente nem imaginamos o bem que tudo isto nos pode fazer. Desde tempos imemoriais que entre nós quase tudo é pretexto para um petisco, um almoço ou um jantar – seja para ter conversas importantes, tratar de negócios ou questões de trabalho, debater ideias, resolver conflitos, rever familiares ou conviver com amigos.
Esta tradição pode refletir a importância que atribuímos à comida e ao convívio, onde a alimentação não é apenas uma necessidade física, mas também uma forma de fortalecer laços entre as pessoas com quem partilhamos uma refeição.
Intuitivamente, sem termos grande consciência disso, talvez saibamos que a nossa forma de estar pode conciliar na perfeição o prazer e a saúde à mesa, um pressuposto feliz para combater a obesidade, ou a pré-obesidade, ainda que ela não deixe de ser um problema em Portugal, incluindo crianças e jovens cada vez mais dados ao sedentarismo dos ecrãs. No entanto, temos a sorte de viver numa cultura diversificada, saudável e de boa alimentação. O melhor mesmo é aproveitá-la!
5 dicas sobre o prazer e a saúde à mesa em Portugal
A dieta mediterrânica é o padrão alimentar que melhor representa os portugueses
A Dieta Mediterrânica, reconhecida pela UNESCO como património cultural e imaterial da humanidade, é o padrão alimentar que representa melhor as características da alimentação do nosso país. Destaca-se pelo consumo de alimentos com um perfil de gordura protetora da nossa saúde, nomeadamente o azeite, o pescado (salmão, atum, etc) e os frutos oleaginosos (amêndoas e nozes), a par de um consumo abundante de produtos hortícolas, frutas e leguminosas, ricos em fibra, vitaminas e minerais.
Uma cozinha que preserva os nutrientes
Os portugueses são fãs do «one pot», ou seja, dos pratos de panela – sopas, ensopados, jardineiras, caldeiradas, entre outros –, onde se adicionam os produtos hortícolas e as leguminosas com quantidades não demasiado generosas de carne ou peixe. Para isso, utilizam-se cebolas, alhos e ervas aromáticas, que jamais nos podem faltar em casa. Neste tipo de confeção, os alimentos perdem menos vitaminas e minerais, ou seja, os nutrientes são preservados.
Fiéis amigos do pescado numa terra de mar
O bacalhau é o nosso fiel amigo, mas nós também somos amigos fiéis não só do bacalhau mas de vários tipos de pescado – sardinha, carapau, cavala e atum, por exemplo – ou não fôssemos dos maiores consumidores de peixe do mundo. E como se sabe, o peixe é benéfico para a saúde devido aos nutrientes que fornece. Além disso, ninguém saber fazer grelhados como os portugueses, dizem vozes dos quatro cantos do mundo.
A sopa de hortícolas é uma especialidade
Fazemos sopa de hortícolas para aquecer o estômago e comer vegetais. A sopa é mesmo o ex-líbris da alimentação portuguesa e a nossa entrada preferida; nenhum país europeu tem uma variedade tão grande de sopas como nós.
Uma alimentação muito diversificada
A nossa alimentação varia bastante, não só no tipo de alimentos, mas também nos métodos de preparação e de confeção. No verão, a variedade de frutas é indiscritível e atinge toda uma paleta de cores e sabores. Durante o ano inteiro, as hortícolas inundam os mercados com vários tons de verdes.
Autor
À Roda da Alimentação