Doença de Crohn: alimentação

Por À Roda da Alimentação

A Doença de Crohn é uma doença crónica que causa uma inflamação do trato digestivo. Pode ser dolorosa e debilitante. Em Portugal, nos últimos anos, nota-se uma incidência crescente desta patologia – estimam-se 73 casos por cada 100 mil habitantes. Apesar de não ter uma cura definitiva, o alívio dos sintomas passa muito pela alimentação e estilo de vida.

Doença de Crohn: o que é ?

A doença de Crohn pode afetar qualquer parte do sistema digestivo, mas é bastante mais comum na zona que corresponde ao final do intestino delgado – o íleo – e ao início do intestino grosso – o cólon.

As causas não são bem conhecidas, mas relacionam-se provavelmente com fatores genéticos, ambientais, estilos de vida e com a existência de um vírus ou de uma bactéria que provoca uma resposta imunitária do organismo: a inflamação do intestino.

É mais comum em pessoas que vivem nas cidades de países industrializados, mas sabe-se que o stresse pode agravar bastante os sintomas da doença – diarreia, perda de peso, perda de sangue, dores abdominais, febre, cansaço e, nos casos mais graves, úlceras e fístulas.

Esta patologia tem duas fases: uma fase ativa, na qual se verificam os sintomas anteriormente referidos (pelo menos em parte) e uma fase não ativa e sem sintomas. A maior parte das pessoas com doença de Crohn pode ter uma alimentação normal, sem grandes restrições, mas há recomendações gerais que devem ser seguidas, algumas delas válidas para todos nós.

Doença de Crohn: o que pode e não pode comer?

Recomendações alimentares de acordo com o SNS:

  • Fazer uma alimentação à base de cozidos, grelhados, assados sem molhos e estufados ao natural (sem azeite) ou com pouca adição de azeite.
  • Fazer refeições pouco volumosas e fracionadas (6 vezes ao dia).
  • Comer devagar e mastigar bem os alimentos.
  • Evitar condimentos como limão, alho, salsa, coentros, hortelã, orégãos, manjericão e cebolinho.

Durante a fase não ativa da doença não existe uma dieta específica. Deve ter uma alimentação saudável, retirando os alimentos mal tolerados. A experiência individual é a melhor forma de selecionar os alimentos bem e mal tolerados.

Entre os alimentos que podem provocar cólicas abdominais contam-se os lacticínios (leite e derivados – manteiga, queijo, natas); a fruta crua; os vegetais; as sementes; o grão; os cereais; os sumos de fruta com polpa e citrinos.

Se a doença estiver numa fase ativa, deve ser feita uma dieta pobre em fibra e sem lactose. Nesta circunstância são de afastar por completo:

  • bebidas alcoólicas e gaseificadas;
  • carnes gordas e fumadas;
  • peixes gordos;
  • conservas com gordura adicionada;
  • mariscos e moluscos;
  • frutas e legumes crus;
  • leite gordo e leite condensado;
  • natas e gelados com natas;
  • queijos;
  • banha e toucinho;
  • azeitonas;
  • frutos secos;
  • chá preto e café.

Com a melhoria dos sintomas, e salvo indicação médica em contrário, podem ser reintroduzidos gradualmente alimentos como: leite sem lactose, bebida vegetal de soja e queijos; legumes (inicialmente cozidos) como a cenoura, abóbora, alface e alho francês.

Por último, não se esqueça que cada caso é um caso, e que importa o aconselhamento com um profissional de saúde especializado.

Fonte: Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa

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À Roda da Alimentação