Alimentação para doente renal

Por À Roda da Alimentação

A doença renal está relacionada com danos nos rins que podem ter como consequência a perda gradual ou total da função renal ao longo do tempo. Uma alimentação adequada desempenha um papel crucial na gestão dos problemas renais e na prevenção de complicações. Deixamos-lhe alguns conselhos alimentares que vão contribuir para um quotidiano com mais qualidade de vida.

Dieta para doentes renais

A alimentação deve ser sempre uma fonte de prazer e de alegria, mesmo quando nem tudo core pelo melhor em termos de saúde. Alguns cuidados básicos no caso de Doença Renal Crónica (DRC) – como reduzir o sal, a gordura saturada, o colesterol, fazer uma hidratação cuidada e ter alguma atividade física –, bem como outros cuidados mais complexos, não excluem o prazer da partilha de uma refeição deliciosa. E todos bem sabemos que os amigos e a família têm o poder de melhorar o bem-estar e a força anímica quando se reúnem à volta de uma mesa, o que só traz mais saúde.

Os rins são órgãos que, pelas suas funções, são muito sensíveis ao estilo de vida, nomeadamente hábitos alimentares desajustados e a patologias muito frequentes como a diabetes mellitus, a hipertensão arterial e a obesidade, que são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de doença renal crónica (DRC).

Mesmo com as limitações da DRC, que muitas vezes implicam hemodiálise ou diálise peritoneal (um tratamento em que a filtração do sangue é feita com o peritoneu, uma membrana do abdómen, mediante a colocação de um líquido removido a cada tratamento) –, se tiver determinados cuidados, é possível dar mais sabor e normalidade à vida. Ainda que cada pessoa seja única e idealmente deva consultar um nutricionista para conceber uma dieta personalizada, há alguns princípios que são transversais para quem sofre de DRC.

Nos estádios iniciais da DRC, em que ocorre uma diminuição ligeira a moderada da função dos rins, estes têm a capacidade de compensar e desempenhar a sua função, embora com maior esforço.

Nesta fase, há que proteger a função renal e contribuir para uma evolução mais lenta da DRC, e por isso é importante que nesta fase se adotem hábitos alimentares saudáveis, por exemplo: redução a ingestão de sal, de gordura saturada e de colesterol, manutenção de um bom estado de hidratação e nutricional.

Na hemodiálise

A hemodiálise é um dos tratamentos possíveis para substituir a função renal para os doentes renais crónicos, quando existe falência grave da função renal. Este tratamento substitui parcialmente a função dos rins na depuração (purificação) do sangue e tenta manter alguma qualidade de vida do doente.

Como a capacidade de remoção das toxinas (ureia, fósforo, potássio, entre outras) e do excesso de líquidos pelo tratamento de hemodiálise não é igual à dos rins, são necessários cuidados alimentares extras e específicos que devem ser considerados durante o tratamento, sendo necessário o controlo de:

  • Potássio. É um mineral que existe sobretudo nos alimentos de origem vegetal (vegetais, leguminosas e oleaginosas). É imprescindível controlar a quantidade de potássio que se ingere, porque a sua acumulação no sangue, se for elevada, pode causar fraqueza muscular ou, em casos mais graves, uma paragem cardíaca. Assim, devem ser evitados os alimentos com mais potássio, como a banana, o abacate, o tomate, a laranja, o melão, a batata, a couve-galega, etc. Ao preparar os alimentos, ter o cuidado de demolhar ou cozer em duas águas ajuda a reduzir o teor deste mineral.
  • Fósforo.É um mineral absorvido de forma diferenteconsoante a sua fonte.Em casos avançados de DRC, pode ser preciso restringir e controlar muito bem a ingestão de fósforo – em níveis elevados no sangue, pode causar alterações no metabolismo do osso, calcificação dos tecidos molese problemas cardiovasculares.O fósforo existe nos alimentos deorigem animal ricos em proteína, nas leguminosas(feijão, grão, ervilhas, etc.), nos frutos oleaginosos (amendoim,amêndoas, nozes, etc.) e nos aditivos alimentares (comoo ácido fosfórico).Os produtos processados devem ser completamente evitados, por conterem fósforo inorgânico, que é absorvido quase na totalidade.
  • Proteína.É importante ingerir uma quantidade adequada de proteína e de energia para compensar o aumento das necessidades associadas à doença e ao tratamento, reduzindo o risco de desnutrição. É aconselhável, no entanto, reduzir a as porções ingeridas de proteína de origem animal e optar sobretudo pelas carnes magras – como peito de frango, peixe e ovos. A inclusão de fontes de proteína vegetal, como grãos integrais e leguminosas, deve ser muito moderada.
  • Sal e líquidos. A DRC altera a capacidade de resposta do organismo para controlar a sede e a hidratação, uma vez que a produção de urina poderá ser muito reduzida ou inexistente, e o tratamento de hemodialise tem menos capacidade para remover a água do que os rins saudáveis. Assim, pode haver o risco de acumulação de líquidos no corpo, o que traz por arrasto o desenvolvimento de edemas e hipertensão, ou até complicações mais graves, como edema agudo do pulmão. Por esta razão, é fundamental controlar a sede, reduzir a ingestão de sal (sódio) e de líquidos.

Cerca de um terço das pessoas em tratamento de hemodialise são diabéticas, pelo que os cuidados alimentares redobram. Caso tenha diabetes, é importante fazer um controlo glicémico muito rigoroso.

Mantenha-se saudável!

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À Roda da Alimentação